quinta-feira, 19 de junho de 2014

Caxinas 0 - Baviera 4 (ai meu Deus!)

               
                                                      
          Campeonato Mundial
        da Pinchona no Pé
      

           Caxinas 0 - Baviera 4

       Pois foi isso mesmo, quatro vezes a pinchona a entrar na baliza dos lusos, os nossos às aranhas, aos papéis, o madeirense Nuno`Álvares Pereira estupefacto,´ isto é Aljubarrota virada ao contrário, é o 25 de Abril em que o Salgueiro Maia regressa a penates, o Otelo dá à sola, a Grândola Vila Morena entra no index pidesco: "Se quereis música contentem-se com o fado e o Quim Barreiros"
      Mas quem nos derrotou no Brasil não foram onze alemães  chutadores da bola. Os algozes da nossa frustração chamam-se Beethoven e Shumann, Shiller e Gunther Grass, Karl Orf e dr Faust, as Valquírias e Erich Maria Remark, Bertold Brecht e Pina Bausch,essa Ângela que veio do leste (credo, como ela veste tão mal!) e o Deutsche Bank, a pontualidade e o rigor, o respeito pelo trabalho e o sentido de cidadania; até essa porra chamada "Mein Kampf".
       Por nós tínhamos muito pouco. Um dos nossos  maiores escritores, o cagãozito do Eça, dava nas orelhas da nação sem dó nem piedade; o Saramago casou com uma espanhola (uma parte da sua nomeação para Nobel deve-se a ela e à poderosa editora para quem trabalhava),pirou-se para as Galápagos da Europa, cansado de aturar uns governantes censórios da Idade da Pedra.
     Por nós tínhamos o fado, o de Lisboa e o da cidade chamada curiosamente "dos doutores"; o BPN e o(s) Duarte(s) Lima(s); o ai meu Deus!ai meu Deus!; a lamúria,;a senhora de Fátima;os ais, sempre os ais; a dificuldade em assumir qualquer culpa ou responsabilidade; essa coisa chamada "saudade" (que nós temos a mania de ser só nossa); ai que nos acode? ;o vinho que nos alimentou durante muitos anos; as sopas de cavalo cansado,o bagacinho pela manhã a matar o bicho; a patanisca remediada; olha o gajo como está rico, o filho da puta!; ai, Mouraria!; trabalho? trabalho é para o preto!; a baldice e o desenrascanço, pobretes mas alegretes, a mão pedinchona estendida ao Euro, à pimenta da Índia, ao ouro do Brasil; a admiração bacoca por tudo o que é estrangeiro; quem não chora não mama.
            Levámos quatro secos da Alemanha? Olha que admiração.
 
 
 
 
 
 

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