MATER FECUNDA
estou-te grato, clara chuva,
por seres uma lágrima túrgida
imersa num milhão de lágrimas
(trans)lúcidas, irrepreensíveis
avessa às levianas designações dos homens,
fazes o que se te impõe fazer
(cognominam-te de mau tempo,
mas os outros, sim, os outros,
que sabem de ti?)
tombas sobre nós, em nós,
simples e desprendida
frutificando o chão engenhosamente
vede, homens urbanos,
como ela
faz rejubilar os cedros dos campos-santos
e gerar flores inesperadas na invernia
vede, vede,
a sua determinação,
ao negar-se aos vossos caprichos
por ti sei da cor da vida
da respiração dos sapos humildes
por ti sei que o solo das nossas raízes
jamais será um mar seco
coalhado de destroços
tão inúteis como esquecidos
vem, vem, clara chuva
e fecunda (-nos)
Parabéns, Orlando. Um grande abraço!
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