segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
A EMPRENHADA
A EMPRENHADA
com aquelas dores que incendeiam os astros,
a mulher carregava em seu ventre
o escolhido.
e o burro caregava os dois
sua passada era mansa,
e fulgente o pó do caminho.
isto foi um pouco antes do do tempo
que o tempo só teria início
quando a emprenhada parisse numa gruta,
devastada pelas dores,
os sangues
o mijo.
depois do primogénito
outros nasceram
mas aquele primeiro
guardava-se no coração da mãe
como a esquiva chuva que cai na Judeia.
trinta e três anos após o início do tempo,
o escolhido pediu a ajuda ao pai
quando se viu pregado no madeiro.
e o silêncio sem resposta
era um grande monstro.
como entender que não tenha chamado
pela mãe?
o dia morria
e a tarde anunciava o crepúsculo de Deus.
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