A Cidade de Aragatu (Aracutu)
A pequena cidade de Aragatu (Aracatu), situada a 300 quilómetros da Bahia de Todos os Santos, tem uma história interessantíssima. Até meados do século XIX, com a erradicação da escravatura, foi uma roça de grandes proporções, cujo dono era um tal coronel Machado, indivíduo feroz, desflorador das mocinhas negras mestiças quando começavam a ganhar corpo de mulheres. Era um coronel como alguns que Jorge Amado desenhou nos seus remances. Mas este real e verdadeiro, ultrapasava em ferocidade os do romancista.
Nesta roças com centenas e centenas de escravos era comum a sua fuga para o mato, procurando escapar à escravização bárbara. Por todo o Brasil isso acontecia, chegando estes escravos fugidos a formar aldeias bem escondidas no mato - os quilombos.
Aquele coronel Machado sempre que capturava um escravo reincidente - um fujão - não o torturava no tronco, como era costume entre os senhores coloniais, mas prendia-os a uma árvore de grande porte, comum naquela zona chamada "garatueira". Na época abundavam animais carnívoros, nomeadamente onças. Era o trágico destino que espereva ao escravo preso à garatueira.
A roça dos Machados foi-se desenvolvendo, chamando a si serviços do Estado - correio, finanças, autocarro, hospital público, escola - até que princípios do século XX ganhou autonomia admistrativa com o nome de Argatu, inspirado na árvore abundante na região - agora bem menos.
Mas como o nome evocava um passado de sangue, no tempo de Getúlio Vargas foi proposto outro nome, inspirado na língua tupi e que designa qualquer coisa como "ar puro".
Há neste momento um forte movimento cívico para repor o nome original. A primeira designação, aprovada em reunião plenária da perfeitura, foi proposta à capital do Estado, aguardando-se que ela seja ratificada ainda no ano de 2014.
Até que isso aconteça, o nome da cidadezinha vai oscilando entre aqueles dois topónimos, segundo o desejo de cada cidadão.
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