sábado, 29 de março de 2014

                                               as noites brancas de Branca Dias


Branca Dias (1515- 1585) foi uma mullher vianense que em meados do século XVI se  instalou em Camaragibe (Olinda-Recife). É uma heroina sem o que querer ser e que chega até nós envolta na história e na lenda.
Judia, depois de se condenada pela Inquisição, em Lisboa, embarca para o Brasil, levando consigo os seus sete filhos, onde já se encontrava o marido, outro vianense, Diogo Fernandes (fal. 1565). Haviam de lhe nascer mais quatro em Camaragibe.
Ela é a primeira mulher a praticar secretamente esnoga (os  ritos judaicos), funda uma escola laica para meninas onde ensinava artes domésticas (cozer, tecer, aforrar) e torna-se, por morte do marido, a primeira mulher dona de um engenho de açúcar. É talvez este papel de dona e matriarca que lhe dá maior relevo e que  fez chegar a sua fama até nós.
Na peça "As noites brancas de Branca Dias", toda acção gira à volta desta personagem poderosa, a luta que ela trava para manter a funcionar o seu engenho de açúcar -um dos mais produtivos de Camaragibe -, a fuga dos escravos negros, o perigo que correm num região dominada pelos índios tupinambás (antropófagos).
Porém aquela paz que ela tinha como garantida, a salvo das garras da inquisição, é quebrada com a chegada do Inquisidor-Mor, vindo de Lisboa.
As suas noites brancas, porque estreladas e luarentas, vão-se tonar num grande pesadelo.
O que se enaltece na peça é "o lado popular do heroismo quotidiano, exultante e aziago, miscigenador e dizimador, rapace dos primeiros colonos portugueses no Brasil" (Miguel Real)

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