domingo, 13 de abril de 2014

                                             Escrever é a liberdade em extensão
Pelos dedos escreventes entro num território de experimentação, experimento o que nunca foi experimentado, faço caminhos que ninguém percorreu, dou vivo sabor às palavras. Os meus dedos escrevem -escrevem-me - e com eles invento as minhas próprias regras de criador. Escrevo um conto, um poema , um capítulo de um romance, uma cena de teatro, e através desses meus dedos escreventes dou a volta ao mundo.
Eu sou eu e os meus dedos escreventes. Por isso, enquanto criador e desafiador, abato regras porque recuso a imitação. Um criador também é para isso que serve: desfazer o que parece estar bem-feito, olhar para o outro lado das palavras, virá-las do avesso. E as pessoas que me lerem, que sofram também dessa transfiguração. O mundo plácido, xaroposo, é para aqueles que nunca se inquietam. Era desses que gostava o caudilho de Santa Comba. É desta matéria de que todos somos feitos. Salazar não foi obra do acaso, tal como a irmandade Passo/Portas. Há uma história nacional por detrás desta gente. Repito: a nossa portugalidade é feita de marasmos, manhas e ciganices.
Por isso, para mim, escrever é a liberdade em extensão.

Sem comentários:

Enviar um comentário