quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
UM DEUS À MÃO (inédito)
Em qualquer gaveto de qualquer cidade,
costumo deparar-me com Deus, encostado contra a parede.
Está velho e carcomido, como carcaça de navio
agonizante no areal. Renovo o meu comentário,
numa constelação de sílabas,
dizendo-lhe que Ele devia ter parado ao quinto dia
na criação do mundo. Deus encolhe os ombros
no silêncio do gesto derrotado,
e eu desando dali, movendo-me por entre a multidão
de joelhos e braços para o Céu, implorando
as ajudas divinas. Há um rasto de sangue,
e uma neblina para onde converge toda
a ferocidade do homem.
Ali está Ele, tão à mão de semear e ninguém
O vê. .
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A cegueira da humanidade...
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