as noites brancas de Branca Dias
Branca Dias (1515- 1585) foi uma mullher vianense que em meados do século XVI se instalou em Camaragibe (Olinda-Recife). É uma heroina sem o que querer ser e que chega até nós envolta na história e na lenda.
Judia, depois de se condenada pela Inquisição, em Lisboa, embarca para o Brasil, levando consigo os seus sete filhos, onde já se encontrava o marido, outro vianense, Diogo Fernandes (fal. 1565). Haviam de lhe nascer mais quatro em Camaragibe.
Ela é a primeira mulher a praticar secretamente esnoga (os ritos judaicos), funda uma escola laica para meninas onde ensinava artes domésticas (cozer, tecer, aforrar) e torna-se, por morte do marido, a primeira mulher dona de um engenho de açúcar. É talvez este papel de dona e matriarca que lhe dá maior relevo e que fez chegar a sua fama até nós.
Na peça "As noites brancas de Branca Dias", toda acção gira à volta desta personagem poderosa, a luta que ela trava para manter a funcionar o seu engenho de açúcar -um dos mais produtivos de Camaragibe -, a fuga dos escravos negros, o perigo que correm num região dominada pelos índios tupinambás (antropófagos).
Porém aquela paz que ela tinha como garantida, a salvo das garras da inquisição, é quebrada com a chegada do Inquisidor-Mor, vindo de Lisboa.
As suas noites brancas, porque estreladas e luarentas, vão-se tonar num grande pesadelo.
O que se enaltece na peça é "o lado popular do heroismo quotidiano, exultante e aziago, miscigenador e dizimador, rapace dos primeiros colonos portugueses no Brasil" (Miguel Real)
sábado, 29 de março de 2014
segunda-feira, 24 de março de 2014
Prêmio Literário Cidade de Aragutu (Aracatu)
Prêmio Literário Cidade da Aragatu (Aracatu)
Prêmio Literário Cidade
de Aragutu (Aracutu)
(excerto da ata
aprovada em reunião plenária do júri 3 de Março de 2014 e devidamente subscrita
por seus intervenientes)
O júri do Prêmio Literário Cidade de Aragutu (Aracutu) distinguiu o
original “AS NOITES BRANCAS DE BRANCA
DIAS” de Orlando Ferreira Barros – pseudônimo Francisco Edmeia – com o
prêmio especial para a modalidade de texto dramático.
A
decisão foi tomada por consenso.
Motivos
da premiação:
O texto de
Orlando Ferreira Barros (Portugal) revela um grande capacitamento dramático ao
conseguir através dos dramas íntimos de cada personagem, desenvolver um retrato
social objetivo e muito realista do Brasil colonial do século XVI.
A trama se vai desenvolvendo em
vários patamares: os portugueses cuidando de sua sobrevivência, a escravização do
negro africano e os trabalhos no engenho, a luta com as tribos autôctones (os
tupinambás – antropôfagos) e a ainda a prática do judaísmo em terras
brasileiras.
Texto revelador
de uma notável sensibilidade de mestria cênica, segue mantendo até ao fim muito
suspense na ação que termina com o excelente monôlogo da protagonista, a
portuguesa Branca Dias.
Juri
José Cavalcanti Júnior (jornalista)
Maria de Pádua Gonzalez (radialista)
Wagner dos Santos-Santos (crítico
literário)
Crisóstomo Ruy Faria Carvalho (representante do júri)
Cidade
de Aragutu (Aracutu), 4 de Março , 2014
D. FREI, O ARCEBISPO SANTO
Comemoram-se esta ano os 500 anos do nascimento de Frei Bartolomeu dos Mártires, Arcebispo de Braga e Primaz das Espanhas.
É uma figura particularmente grata aos vianenses que o consideram um santo, tanto pela dedicação aos pobres, viúvas e órfãos vianenses, como por lhe serem atribuídos milagres, segundo a biografia escrita por Frei Luís de Sousa, alguns comprovados por várias testemunhas.
Não é tanto a figura de taumaturgo que me atrai enquanto escritor mas sim o seu despojamento perante as mundanidades da vida e a sua dedicação aos deserdados da fortuna. Há na sua integridade e frontalidade que me atrai. Sempre se assumiu como pastor e em alguns dos seus escritos, que foram muitos, insurgia-se contra os luxos clericais que abundavam por essa cristandade fora.
Assim, comprometi-me comigo mesmo, escrever uma tetralogia dramática centrada na figura de d. frei Bartolomeu naquilo que ele mais me atrai. A tetralogia terá o nome D. Frei, o Arcebispo Santo e será composta pelos seguintes originais:
1º " Uma vida para lá dos outros" - que relata o último ano de vida do arcebispo, com flash-backs que nos vão remetendo para alguns acontecimentos do seu passado.
2º "A inoportuna perseverança" - centra-se na oposição feita pelos párocos e pelo próprio cabido de Braga, à vontade de d. Frei implementar os preceitos reformadores do concílio de Trento
3º "Pergunto-vos, se valeu a pena" - É uma interrogação que atravessa toda peça. Perante o avanço e carecimento do luteranismo e depois do Calvinismo, d. Frei interroga-se, mas sem nunca duvidar do caminho que percorreu
4º "As vozes pobres" - os lamentos, pedidos, afirmações que d. frei foi ouvindo ao longo da sua vida.
A primeira peça está praticamente terminada, ficando nos próximos tempos em banho- maria. quanto às outras vou pedir a mão de d. frei para que eu possa ter saúde mental e vida para levar a cabo esta decisão.~
Não deixa de ser curioso que sendo eu um agnóstico assumido e sem dúvidas me tenha apaixonado por esta figura de missionário, tão entregue à caridade e ao amor dos outros.
A cidade de Aragatu (Aracutu)
A Cidade de Aragatu (Aracutu)
A pequena cidade de Aragatu (Aracatu), situada a 300 quilómetros da Bahia de Todos os Santos, tem uma história interessantíssima. Até meados do século XIX, com a erradicação da escravatura, foi uma roça de grandes proporções, cujo dono era um tal coronel Machado, indivíduo feroz, desflorador das mocinhas negras mestiças quando começavam a ganhar corpo de mulheres. Era um coronel como alguns que Jorge Amado desenhou nos seus remances. Mas este real e verdadeiro, ultrapasava em ferocidade os do romancista.
Nesta roças com centenas e centenas de escravos era comum a sua fuga para o mato, procurando escapar à escravização bárbara. Por todo o Brasil isso acontecia, chegando estes escravos fugidos a formar aldeias bem escondidas no mato - os quilombos.
Aquele coronel Machado sempre que capturava um escravo reincidente - um fujão - não o torturava no tronco, como era costume entre os senhores coloniais, mas prendia-os a uma árvore de grande porte, comum naquela zona chamada "garatueira". Na época abundavam animais carnívoros, nomeadamente onças. Era o trágico destino que espereva ao escravo preso à garatueira.
A roça dos Machados foi-se desenvolvendo, chamando a si serviços do Estado - correio, finanças, autocarro, hospital público, escola - até que princípios do século XX ganhou autonomia admistrativa com o nome de Argatu, inspirado na árvore abundante na região - agora bem menos.
Mas como o nome evocava um passado de sangue, no tempo de Getúlio Vargas foi proposto outro nome, inspirado na língua tupi e que designa qualquer coisa como "ar puro".
Há neste momento um forte movimento cívico para repor o nome original. A primeira designação, aprovada em reunião plenária da perfeitura, foi proposta à capital do Estado, aguardando-se que ela seja ratificada ainda no ano de 2014.
Até que isso aconteça, o nome da cidadezinha vai oscilando entre aqueles dois topónimos, segundo o desejo de cada cidadão.
A pequena cidade de Aragatu (Aracatu), situada a 300 quilómetros da Bahia de Todos os Santos, tem uma história interessantíssima. Até meados do século XIX, com a erradicação da escravatura, foi uma roça de grandes proporções, cujo dono era um tal coronel Machado, indivíduo feroz, desflorador das mocinhas negras mestiças quando começavam a ganhar corpo de mulheres. Era um coronel como alguns que Jorge Amado desenhou nos seus remances. Mas este real e verdadeiro, ultrapasava em ferocidade os do romancista.
Nesta roças com centenas e centenas de escravos era comum a sua fuga para o mato, procurando escapar à escravização bárbara. Por todo o Brasil isso acontecia, chegando estes escravos fugidos a formar aldeias bem escondidas no mato - os quilombos.
Aquele coronel Machado sempre que capturava um escravo reincidente - um fujão - não o torturava no tronco, como era costume entre os senhores coloniais, mas prendia-os a uma árvore de grande porte, comum naquela zona chamada "garatueira". Na época abundavam animais carnívoros, nomeadamente onças. Era o trágico destino que espereva ao escravo preso à garatueira.
A roça dos Machados foi-se desenvolvendo, chamando a si serviços do Estado - correio, finanças, autocarro, hospital público, escola - até que princípios do século XX ganhou autonomia admistrativa com o nome de Argatu, inspirado na árvore abundante na região - agora bem menos.
Mas como o nome evocava um passado de sangue, no tempo de Getúlio Vargas foi proposto outro nome, inspirado na língua tupi e que designa qualquer coisa como "ar puro".
Há neste momento um forte movimento cívico para repor o nome original. A primeira designação, aprovada em reunião plenária da perfeitura, foi proposta à capital do Estado, aguardando-se que ela seja ratificada ainda no ano de 2014.
Até que isso aconteça, o nome da cidadezinha vai oscilando entre aqueles dois topónimos, segundo o desejo de cada cidadão.
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