sábado, 12 de julho de 2014

A MÃE DE FREI BARTOLOMEU E A COPA NO BRASIL (II)

                             A MÃE DE FREI BARTOLOMEU E A COPA NO BRASIL (II)

                  Hoje de manhã, bem cedo, à hora da chegada da musical padeira (traz o rádio em ondas sonoras) e do desempenho coral dos melros, compareci mais uma vez perante a minha personagem: Maria Correia, a mãe de Frei Bartolomeu dos Mártires. Hoje tenho a opção bem definida, já sei como vou estabelecer os seus traços psicológicos principais. Já tinha decidido que ela não poderia ser uma mãe convencional e vulgar, tinha que ter um traço distintivo e único.
          Ando às voltas com estas considerações: frei Bartolomeu viveu uma vida modestíssima de ensino, oração e pregação, refugiando-se na sua cela de monge. Pode-se dizer que do mundo não conhecia nada tanto quanto é dado a um clérigo. Ao ser indigitado para Braga com 44 anos,  e assumindo a sua direcção mostrou seu um homem decidido, antes quebrar que torcer, disposto a trazer para a sua diocese as ideias modestas e espartanas que caracterizavam a Ordem dos Beneditinos. Como foi possível que ele tivesse levado a sua avante com enorme sucesso, lutando contra oposições pétreas que vinham do próprio cabido de Braga? Só podia ser pela educação que teve ou ter herdado esses traços distintivos.
         Isto tornou-se claro para mim quando ontem ia assistindo ao jogo entre o Brasil (detesto a expressão "irmãos brasileiros") e a Alemanha. Já disse que é a ver futebol, sem nele estar empenhado a 100%, que me considero um grande escritor e me ocorrem as frases e os melhores desenvolvimentos para prosseguir a narrativa que trago entre os dedos escreventes.
     Tomo nota do que diz o comentador Pedro Henriques, usando de uma semântica futebolesca riquíssima e sem igual:
                                         
                          Trata-se de um atropelamento sem fuga
                          A lesão de Neymar escurece a alegria dos brasileiros
                          Se a Alemanha volta a ligar o motor, o Brasil desfaz-se

      As câmaras voyeuristas focam o descalabro nas bancadas. Crianças choram, elas que deviam ser poupadas a este fanatismo obsceno, choram as mulheres de rostos pintados com as cores brasileiras, pinturas que se desmancham e borram como as do palhaço triste. Se Deus é brasileiro, não o mostrou ser. Não haverá pinturas à prova de lágrimas?
     Porque gosto de mulheres fortes, a Maria Correia do meu original terá as ganas germânicas, o punhal nos dentes da determinação, a força de uma formação panzer. Não a quero chorona.
                                                                                                               
                       Alemanha está sentada num  trono de sete golos
                       O que estamos  a assitir é a um terramoto que abala 200 milhões de brasileiros

       O Pedro Henriques lá sabe.



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