(um dia temerás a sua ira)
que sabes tu da chuva?
diz-me, que sabes tu?
tão apenas os aforismos desdenhosos
a coisa barata disponível ao preço da dita
a nomeada molha-tolos
a tal donde bem podes tirar o cavalinho
que sabes tu da chuva?
diz-me, que sabes tu?
quando muito a adjectivação gratuita,
em -in começada
in suportável,
in cómoda,
in fernizante,
in possível
(da chuva só sabes a menor parte)
se ela um dia emigrar
recolhida nas asas uma frágil lavandisca
chorarás em vão a sua ira
que fez calar a fonte dos poetas
recolhida nas asas uma frágil lavandisca
chorarás em vão a sua ira
que fez calar a fonte dos poetas
nem uma gota, uma única e escassa gota
para molhar a tua garganta opaca
apenas as lágrimas que te inundam o rosto
(bebe dessas, bebe, pois mais nada te resta
para enganar as fissuras da sêde)
nesse dia,
embaraçado por espantos
(a velha chuva dos bons tempos que é feito dela?)
lamentarás a sua ira
e perceberás que é tarde.
inexoravelmente tarde
Afinal, lido o poema, o interlocutor parece que sabe muita coisa acerca da chuva. Mesmo quando por ela sem se molhar. Parabéns! Abraço!
ResponderEliminar